Acho que me tornei algo fã de cinema

 

 

olhe para estes hipsters fodidos

Olhe para estes hipsters fodidos

Algum tempo atrás, resolvi que iria virar um grande fã de cinema. Nesse meio tempo segui com disciplina todo o ritual: fiquei em casa, engordei, comprei uns action figures dos meus personagens favoritos, falei em redes sociais que era fã de Nutella, enfim, encarnei o gordito dos cinemas. Criei algumas impressões sobre o que me indicaram que compartilharei agora com a Rede Mundial de Computadores.

Pra quem não conhece esse filme da foto aí é de um cara chamado Wes Anderson, que foi um dos primeiros dessa nova geração de diretores que fazem filmes de humor que você pode falar sem medo que gosta além de Monty Python. Ele não faz filme de humor no estilo UHAHUAUHAUHAHUAHSUUHA, é mais algo ‘rsrsrsrs’, é sutil, é discreto…

Ele é brother do Owen Wilson, aquele cara loiro dos filmes de  comédia que parece playboy mas que um dia você encontra em um show de uma banda que você gosta e pensa “cara, talvez ele nem seja tão playboy assim”.

É através do Wes Anderson que eu vou puxar a classificação geral do que eu vi nesses últimos meses, quem sabe não ajudo vocês em algum tipo de organização na prateleira de casa, usando como separação de gêneros alguma toy art, talvez até mesmo um boneco do Calvin & Haroldo.

 

 

  • Um adolescente virgem do sexo masculino que cria um relacionamento dúbio com alguém do sexo feminino mais experiente só que também um pouco inseguro

 

 

É difícil crescer quando você  é adolescente e ninguém entende suas sa-ca-dinhas-i-rô-ni-cas. Daí você é o moleque meio perdido que encontra uma mulher que entende a sua su-per-sen-si-bi-li-dade. E vocês tem algum sentimento de cumplicidade, mas eventualmente ela se mostra mais madura que você, rola um atrito, e você vê que o mundo é cruel. Mas estamos num filme, então independente de ela terminar contigo, você fica razoavelmente bem, cuidando do seu aquário ou tocando uma música folk obscura no violão.

O Rushmore deve ter salvo a carreira do Bill Murray. Descobriu que esse filão “cara entediada” é um clássico nos filmes indie, o que fez ele bombar naquele filme com a do celular, Sra. Scarlet. Imagina só? O cara só teria feito sucesso com Ghostbusters, Feitiço do Tempo e aquele filme que ele é policial e tem um pastor alemão como parceiro. Opa, não, esse é outro.

Existe um filme de 2009 que encarna esse cara deslocado, mas em um sentido patológico: o cara tem Síndrome de Asperger, uma versão leve de autismo. Imagina só os produtores desses filmes da Fox Searchlight, pensando “galera, se hipster gosta de ser esquisito, que tal a gente legitimar isso em um cara que tem realmente um problema sério?”… a diferença é que o hipster pode deixar de  bancar o esquisitinho quando for em uma entrevista de emprego numa livraria. Ok, chega de ser babaca.

 

  • Uma amizade entre um adulto que possui seus problemas  e um jovem relativamente problemático, resultando em um inesperado relacionamento humano

 

A moral desses filmes é parecida com a primeira classificação, a diferença agora é que você  tem um curso superior e já paga pelo menos parte das suas contas. Você assiste eles pensando “bem agora eu sou jovem adulto publicitário, mas não estou tão longe das suas questões meu nobre amigo, então cada vez que eu preciso vender algo pra adolescente eu lembro como eu era bizarro que nem você”. No filme do Hugh Grant é bem mais chapado por questões hollywoodianas, esse molequinho nunca seria espancado pela mãe alcoólatra, sacas? O Win-Win é sobre um moleque deslocado, porém é aquele deslocado que curte Nirvana e fuma cigarro de canela, o deslocamento dele não vem do cabacismo de um Superbad e sim por fazer poemas sobre morte e agonia no meio de uma aula de Matemática. Já o Terri é triste, muito triste, é um moleque gordo e solitário. Mas não é um gordo engraçado como aquele gordo do Superbad… é só um gordo chato que sabe que é chato. Ele termina sozinhão, mas entende que a vida é uma merda e só nos resta estudar pra passar em um concurso público.

 

  • Um cara que se tornou careta mas algo mudou na vida dele que o faz entrar em contato com antigos amigos que, apesar dos trinta e poucos anos, ainda mantém um espírito fanfarrão de dezessete.

 

 

Hoje em dia você sai de casa com vinte e cinco anos pra cima. Logo, os trinta são os novos vinte e poucos. Essa galera cresceu vendo filmes de picardias estudantis nos anos 80. Esses filmes representam essa geração deslocada no tempo. Bromance envolvido com muita birita e drogas sortidas. O tipo de filme que tem apelo pra qualquer homem.

São muitos filmes que podem ser classificados de maneira mais ou menos rígidas. Existe aquele do carinha do Scrubs, que é encarnação de todos os filmes indie em uma construção perfeita, quase paródica:

SE ESTE FOSSE O TOPO DO MEU BLOG, ELE SERIA UM BLOG CULTURAL COM DIREITO A CAFÉZINHO COM COBERTURA DE CANELA

 

Este espaço é uma construção coletiva, você pode adicionar suas próprias combinações e se divertir com seus amiguinhos. Basta apenas preencher o espaço entre as suas orelhas com muita imaginação e criar seus próprios preconceitos sofisticados. Contribua com a gente, queremos sua participação. É fácil fazer!

 

 

 

Um comentário

  1. Ella

    Adorei suas observações sobre cinema e principalmente a sábia avaliação de Terri:

    “Ele termina sozinhão, mas entende que a vida é uma merda e só nos resta estudar pra passar em um concurso público.” Aí está o melhor conselho que nossos pais deveriam nos dar.

    Espero que continue com posts do gênero. Abs.

  2. GUIJA

    ■Uma amizade entre um adulto que possui seus problemas e um jovem relativamente problemático, resultando em um inesperado relacionamento humano
    =
    RAINMAN

    OK, chega de ser babaca.

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